A Escrita na Parede
Análise Expositiva de Daniel 5"Este capítulo narra a última noite do Império Babilônico. Enquanto o rei Belsazar profana os utensílios sagrados de Deus numa orgia de vinho, uma mão misteriosa escreve sua sentença na parede: Pesado foste na balança e achado em falta."
Belsazar, o rei, dá uma grande festa para mil dos seus nobres. O vinho corre solto e a prudência desaparece.
- O Sacrilégio (v. 2): Sob a influência do vinho, Belsazar ordena que tragam as taças de ouro e prata que seu "pai" (avô/antecessor) Nabucodonosor havia tirado do Templo em Jerusalém.
- A Profanação (v. 3-4): Eles usam os objetos consagrados ao Deus Santo para beberem e brindarem aos seus deuses de ouro, prata, bronze, ferro, madeira e pedra. É um desafio direto à santidade de Yahweh.
- O Contexto: Lá fora, os exércitos Medo-Persas já cercavam a Babilônia. A festa era um ato de falsa segurança e arrogância extrema.
De repente, dedos de mão humana aparecem e escrevem no reboco da parede, onde a luz do candelabro incidia.
- O Pânico Real (v. 6): O rosto do rei empalidece, seus pensamentos o aterrorizam, suas pernas tremem e seus joelhos batem um no outro. A alegria da festa evapora instantaneamente.
- A Falência dos Sábios (v. 8): Nenhum astrólogo ou mago consegue ler ou interpretar a escrita. A sabedoria humana falha novamente diante da revelação divina.
- A Intervenção da Rainha (v. 10-12): A Rainha Mãe (provavelmente Nitócris, viúva de Nabucodonosor ou filha dele) entra e lembra o rei de um homem esquecido: Daniel. Ela testifica que nele há "um espírito dos deuses santos".
Daniel, agora um homem idoso, é trazido. Ele recusa os presentes do rei e entrega o sermão antes da interpretação.
- A Recusa (v. 17): "Guarde seus presentes para si ou dê a outro". Daniel não está à venda e sua mensagem não pode ser comprada.
- A Lição de História (v. 18-21): Daniel relembra o que aconteceu com Nabucodonosor (Capítulo 4): como Deus lhe deu poder, como o orgulho o derrubou e como ele foi humilhado até reconhecer o Altíssimo.
- A Acusação (v. 22-23): "Mas o senhor, Belsazar... não se humilhou, embora soubesse de tudo isso". O pecado de Belsazar não foi ignorância, foi rebelião consciente. Ele sabia a história, mas escolheu desafiar o Senhor dos céus.
Daniel lê as palavras aramaicas: MENE, MENE, TEKEL, PARSIN.
- MENE (Contado): Deus contou os dias do seu reinado e determinou o seu fim. O tempo acabou.
- TEKEL (Pesado): Você foi pesado na balança da justiça divina e achado em falta (deficitário moralmente e espiritualmente).
- PERES/PARSIN (Dividido): Seu reino foi dividido e entregue aos medos e persas. (Jogo de palavras: "Peres" soa como "Pérsia").
- O Cumprimento (v. 30-31): Naquela mesma noite, Belsazar foi morto. A Babilônia caiu sem batalha (os persas desviaram o rio e entraram pelos portões). Dario, o medo, assumiu o reino.
Aprofundamento: Contexto e História
A arqueologia confirmou (Cilindro de Nabonido) que Belsazar era filho de Nabonido e corregente na Babilônia. Por isso, ele ofereceu o "terceiro lugar" no reino a Daniel (v. 16) — ele próprio era o segundo.
As palavras podiam ser lidas como substantivos de moedas (mina, siclo, meia mina) ou como verbos (contado, pesado, dividido). A sabedoria divina foi necessária para ver o sentido de juízo nos termos comerciais.
Heródoto narra que Ciro desviou o rio Eufrates. Enquanto a cidade bebia, o nível da água baixou e o exército persa entrou pelo leito do rio, tomando a cidade inexpugnável sem uma grande batalha.
"Tekel" lembra-nos que Deus não apenas conta os nossos dias, mas pesa as nossas obras. Belsazar tinha privilégios e conhecimento, mas não tinha peso moral (glória/kabod) diante de Deus.
Síntese Teológica do Capítulo
O Sacrilégio tem Limite: Deus pode tolerar a ignorância, mas não tolera a profanação consciente. Usar o sagrado para fins profanos é cruzar uma linha vermelha que atrai juízo.
A Responsabilidade do Conhecimento: Belsazar foi julgado mais severamente porque "sabia de tudo isso" (v. 22) sobre Nabucodonosor e não aprendeu. A história é uma escola; quem ignora as lições repete os erros.
A Soberania sobre os Impérios: Numa noite, a "Cabeça de Ouro" (Babilônia) caiu e o "Peito de Prata" (Medo-Pérsia) assumiu. Deus remove reis e estabelece reis conforme o Seu relógio profético.
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