Gogue e Magogue
Análise Expositiva de Ezequiel 38"O contexto é crucial: Israel foi restaurado fisicamente e espiritualmente (caps. 36-37) e vive em segurança. De repente, surge uma ameaça final que não vem da Babilônia nem do Egito, mas dos confins do Norte."
Deus manda Ezequiel profetizar contra Gogue, da terra de Magogue.
- Quem é Gogue? Gogue não é o nome de uma nação, mas o título de um líder (como Faraó ou César). Ele é o "príncipe governante" (ou príncipe chefe - Rosh). Ele vem da terra de Magogue (historicamente associada aos citas ou tribos ao norte do Mar Negro/Rússia).
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Os Territórios (v. 2-3):
Meseque e Tubal: Localizados na Ásia Menor (atual Turquia).
Rosh (Príncipe Governante): Alguns traduzem como nome próprio ("Rosh"), ligando-o à Rússia (devido à fonética similar), mas gramaticalmente pode significar apenas "chefe". -
A Coalizão (v. 5-6):
Gogue não vem sozinho. Ele lidera um eixo militar multinacional:
Pérsia: Atual Irão.
Etiópia (Cuxe): Atual Sudão/Etiópia.
Pute (Líbia): Norte da África.
Gomer e Togarma: Regiões da Turquia/Armênia.
Nota: Notavelmente ausentes estão as potências ocidentais ou vizinhos árabes imediatos (como Egito ou Iraque). É uma aliança periférica massiva.
- O Tempo (v. 8): "Depois de muito tempo... nos últimos anos". A profecia é escatológica. Acontece quando Israel já foi recolhido de muitas nações e habita nos montes de Israel.
- O Alvo (v. 11): "Atacarei essa terra de povoados sem muros". Israel é descrito como vivendo em paz e segurança, sem muralhas (confiante).
- A Motivação Humana (v. 12): "Saquear e roubar... tomar o gado e os bens". Gogue é movido pela ganância. Ele vê a prosperidade do Israel restaurado e quer o espólio.
- A Motivação Divina (v. 4): "Porei ganchos em seu queixo e o arrastarei". Embora Gogue pense que está a invadir por vontade própria, é Deus quem o está a puxar para a armadilha. Deus quer atrair as nações para o "matadouro" em Israel para demonstrar a Sua santidade.
- A Reação Diplomática (v. 13): Sabá, Dedã e Társis (nações mercantes/ocidentais) apenas protestam diplomaticamente: "Você veio para saquear?". Eles não intervêm militarmente; apenas questionam. Israel está sozinho.
Quando Gogue ataca, Deus reage com uma violência cósmica.
- A Fúria do Ciúme (v. 18-19): "Minha fúria se acenderá... em meu zelo e em meu furor". Deus permitiu que a Babilônia destruísse Jerusalém (para disciplina), mas não permitirá que Gogue toque no Israel restaurado (para aniquilação).
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O Arsenal Divino (v. 19-22):
Deus usa quatro armas da natureza:
Terremoto: "Haverá um grande terremoto na terra de Israel". Montes cairão e muralhas desabarão.
Confusão (Fogo Amigo): "A espada de cada um se voltará contra seu irmão". O pânico fará a coalizão matar-se mutuamente.
Peste e Sangue: Doenças.
Clima: "Chuva torrencial, granizo, fogo e enxofre". - O Objetivo Final (v. 23): "Assim mostrarei minha grandeza e minha santidade... Então saberão que eu sou o SENHOR". A batalha não é política; é teológica. É a vindicação final de Yahweh perante os olhos de todas as nações (o "Mundo") que assistem ao evento.
Cumprimento Histórico e Profético
Esta é uma das poucas profecias de Ezequiel que não tem cumprimento histórico no passado. Nem Nabucodonosor, nem Antíoco Epifânio, nem Tito cumpriram os detalhes desta invasão (coalizão específica, terremoto global, destruição sobrenatural sem exército humano de defesa).
Acontece na Grande Tribulação ou logo antes do Milênio (Armagedom).
Acontece no final do Reino Milenar (baseado em Apocalipse 20:8, que cita Gogue e Magogue).
Representa a vitória final de Deus sobre as forças do mal em qualquer época, sem necessidade de cumprimento literal geográfico. Independentemente da escola escatológica, o consenso é que descreve o conflito final onde Deus intervém diretamente para salvar o Seu povo de uma força superior impossível.
Síntese Teológica do Capítulo
A Soberania sobre o Inimigo: Gogue acha que é o general supremo, mas Deus diz: "Eu porei ganchos no teu queixo". Mesmo o ataque mais satânico contra a Igreja/Israel está sob a coleira da soberania de Deus. Deus usa o mal para, no fim, glorificar o Seu nome através do julgamento do mal.
A Salvação sem Esforço Humano: Diferente de outras guerras onde Israel teve de lutar (como Josué ou Davi), aqui Israel é passivo. Deus luta sozinho com fogo e terremoto. É a salvação pela graça em forma militar.
A Paz Falsa vs. Paz Verdadeira: Israel vivia "seguro" e "sem muros" (v. 11), mas a verdadeira segurança só é provada quando a invasão acontece e Deus intervém. A prosperidade atrai predadores (Gogue), mas a Aliança garante a proteção.
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