O Santuário Interior
Análise Expositiva de Ezequiel 41"O capítulo descreve a estrutura central do Templo (a Casa), as suas câmaras laterais e a decoração interior."
O guia angelical leva Ezequiel para a entrada do edifício principal.
- O Santuário Externo (Lugar Santo) (v. 1-2): O anjo mede a entrada: 6 côvados de largura (aprox. 3 metros). O salão principal (Heikal) mede 40 côvados de comprimento por 20 côvados de largura. Estas são exatamente as mesmas dimensões do Templo de Salomão (1 Reis 6:17), indicando continuidade na planta divina.
- O Santuário Interno (Lugar Santíssimo) (v. 3-4): Nota Importante: No versículo 3, diz: "Então ele entrou...". Ezequiel permanece do lado de fora. Apenas o anjo entra no Kodesh Kodashim (Santo dos Santos). Isso enfatiza que a santidade absoluta de Deus ainda exige reverência e separação. Dimensões: O espaço mede 20 por 20 côvados. É um quadrado perfeito (assim como a Nova Jerusalém em Apocalipse 21 é um cubo perfeito). A geometria da perfeição representa a natureza absoluta de Deus.
Ao redor da parede do Templo, havia uma estrutura anexa de três andares com quartos.
- Os Quartos Laterais (v. 6): Havia 30 quartos em cada andar, totalizando 90 quartos.
- Engenharia Invertida (v. 7): "As câmaras laterais ficavam mais largas à medida que subiam". Diferente dos prédios modernos que ficam mais estreitos no topo, este ficava mais largo. A parede do Templo tinha "dentes" ou reentrâncias que diminuíam a espessura à medida que subia, permitindo que as vigas dos quartos se apoiassem sem perfurar a parede sagrada do Santuário. A santidade da estrutura central não podia ser violada nem por vigas de suporte.
- O Propósito: Estes quartos provavelmente serviam para armazenar os tesouros do Templo, vestimentas e utensílios sagrados, funcionando como a "caixa-forte" e a sacristia do Reino.
O interior do Templo era revestido de madeira (lambris) do chão ao teto, decorado com entalhes profundos.
- A Alternância (v. 18): "Havia querubins e tamareiras; uma tamareira entre dois querubins". Tamareira (Palmeira): Símbolo de retidão, fruto e beleza (Salmo 92). Lembra o Jardim do Éden. Querubim: Símbolo da presença e proteção de Deus (Gênesis 3:24).
- As Duas Faces (v. 19): Diferente da visão do Capítulo 1 (onde os querubins tinham 4 rostos), aqui eles têm apenas dois rostos visíveis no relevo: Rosto de Homem: Voltado para uma palmeira (Inteligência/Humanidade). Rosto de Leão: Voltado para a outra palmeira (Força/Realeza). Teologia: Faltam o boi (serviço) e a águia (divindade/céu). Alguns teólogos sugerem que isso foca na humanidade e na realeza de Cristo no Milênio. O Leão da Tribo de Judá e o Filho do Homem.
No Lugar Santo, Ezequiel vê um móvel singular.
- A Descrição: Um altar de madeira, com 3 côvados de altura.
- O Título (v. 22): "Esta é a mesa que está diante do SENHOR".
- Altar ou Mesa? O texto funde os dois conceitos. No Tabernáculo antigo, havia o Altar de Incenso (ouro) e a Mesa dos Pães da Proposição (ouro). Aqui, vemos um móvel de madeira simples. Simbolismo: Sugere uma comunhão mais acessível e simples. A "Mesa" indica banquete e comunhão, não apenas expiação. No Reino futuro, a ênfase muda do sacrifício pelo pecado (Altar de Bronze lá fora) para a comunhão íntima com Deus (Mesa de Madeira aqui dentro).
Cumprimento Histórico e Profético
O Templo de Herodes (tempo de Jesus) tinha dimensões semelhantes no santuário principal (Lugar Santo e Santíssimo), mas a estrutura das câmaras laterais e a decoração não seguiam exatamente este padrão. Portanto, não foi o cumprimento final.
Profecia: Querubins com rosto de Homem e Leão.
Significado: Aponta para a dupla natureza do Messias que habita o Templo. Ele é o Homem perfeito (o segundo Adão) e o Leão de Judá (o Rei Davídico). No Milênio, Cristo reinará com humanidade compassiva e força soberana.
Profecia: "A mesa que está diante do Senhor".
Cumprimento: Antecipa a prática cristã e milenar da comunhão. A adoração central não é mais o ritual complexo, mas a presença à Mesa com o Senhor. Deus quer ser o anfitrião do Seu povo.
Síntese Teológica do Capítulo
A Santidade Intocável: O fato de as vigas dos quartos laterais não poderem perfurar a parede do Templo (v. 6) ensina que a santidade de Deus não deve ser invadida ou misturada com o suporte humano. Deus sustenta-se a Si mesmo. O profano (quartos de depósito) pode estar perto do santo, mas não pode penetrar nele.
O Retorno ao Éden: A decoração massiva de palmeiras e querubins transforma o interior do Templo numa "floresta de madeira" esculpida. Isso conecta o fim da história (Templo) com o início (Éden). O santuário é o Éden restaurado, onde o homem pode andar novamente entre as árvores e os anjos na presença de Deus.
A Simplicidade da Presença: No meio de tanta glória e ouro (implicitamente), o móvel central é um altar de madeira simples chamado "Mesa". Isso ensina que o auge da religião não é a pompa, mas a proximidade. Estar "diante do Senhor" à mesa é o privilégio supremo dos redimidos.
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